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“Ler o mundo pela música: práticas musicais para a alfabetização”  prática realizada na Lumiar Morumbi foi apresentada no FLADEM – Fórum Latinoamericano de Educação Musical, no Chile

Para o grupo dos Limõezinhos, grupo do Fundamental I da Lumiar Morumbi, alfabetizar-se por meio da música tem sido uma experiência rica e repleta de possibilidades. A prática “Ler o mundo pela música: práticas musicais para a alfabetização” foi selecionada para o FLADEM, um reconhecido seminário internacional de educação musical, a ser realizado no Chile.

Os Limõezinhos são um grupo que tem muito interesse pela música e essa característica foi observada logo nos primeiros dias letivos do ano. Compreender textos curtos é uma habilidade a ser desenvolvida no ciclo  do Fundamental I e a alfabetização é parte essencial dos conteúdos previstos na BNCC. Neste contexto, a união de um interesse dos estudantes pela música e de habilidades e conteúdos a serem conquistados oportunizou um trabalho de utilização de músicas como ferramenta para encontros.

Este trabalho está sendo realizado desde o início do ano letivo, em diferentes projetos e oficinas, mas com a mesma condução de prática: os estudantes conhecem uma canção (escolhida pelas educadoras ou oportunamente proposta por eles mesmos), apropriam-se musicalmente da mesma como grupo e então iniciam-se diferentes propostas que direcionam para a aquisição da leitura e da escrita. As práticas até aqui envolveram a identificação de letras, diferenciação de vogais e consoantes e suas possíveis combinações, reconhecimento, classificação e separação silábica e ampliação de vocabulário. Todas as práticas consideram a multietariedade e a transdisciplinaridade, bases essenciais da pedagogia Lumiar.

Para além do ambiente de sala de aula, a proposta vincula também a possibilidade de apropriação do espaço escolar: o grupo canta o repertório adquirido em áreas externas como o páteo e o solário, na biblioteca, entre outros. Isso acaba proporcionando um ambiente convidativo para outros grupos que, por vezes, também se juntam aos Limõezinhos.

O repertório trabalhado até aqui compreende canções da música popular brasileira (Gilberto Gil, Caetano Veloso, Cartola são alguns exemplos) e do cancioneiro popular. O interesse dos estudantes e conexão com a comunidade possibilitou grandes caminhos nesse projeto: na calçada que fica em frente à escola há um abacateiro. Os estudantes mencionaram conhecer uma música que falava sobre abacate. Questionados sobre qual era, cantaram Refazenda, de Gilberto Gil e, a partir daí, oportunizamos momentos de escuta e aquisição deste repertório. Uma vez habituados a cantar, oferecemos uma prática de reconhecimento e separação de sílabas das palavras contidas na canção, respeitando sempre o momento de aprendizagem de cada estudante. Dentre as evidências de aprendizagem, observamos por exemplo percepção de rima entre as palavras “pato” e “mato”, trazida por um dos estudantes.

A lógica transdisciplinar apresenta-se  inerente ao projeto, uma vez que o processo de aprendizagem é construído a partir de habilidades e conteúdos diversos, que permitem a ação com os estudantes sempre ao centro. Prática de múltiplas linguagens artísticas, compreensão de textos curtos, expressar-se musicalmente, ser cooperativo, reconhecer, respeitar e valorizar a diversidade étnica e aceitar desafios são apenas algumas das características embutidas na vivência deste projeto.

O projeto foi selecionado para ser apresentado no FLADEM  (Fórum Latinoamericano de Educação Musical) no Chile,  durante os dias 10 e 14 de outubro foi apresentado como comunicação oral no espaço “Investigaciones, estudios y proyectos”.

O FLADEM, Fórum Latinoamericano de Educação Musical é uma instituição que engloba dezoito países da América Latina e que promove, fortalece e valoriza práticas pedagógicas em educação musical buscando refletir a identidade sócio-político-cultural desses países. O Seminário anual traz a Educação Musical como um direito do ser humano, detentora de elementos culturais latinoamericanos, representante das diversas identidades locais e da identidade do povo latinoamericano como um todo. 

Sem dúvida esta participação no FLADEM apresenta-se como o fruto de um trabalho coletivo, integrado à comunidade e totalmente conectado aos interesses dos estudantes. Por tratar-se de um evento internacional, oportuniza a visibilidade da metodologia Lumiar como  excelência em educação.